INTRODUÇÃO – PARTE 1
Água e paisagismo.
Paisagismo e água.
Duas palavras que se complementam a tal ponto que parecem uma coisa só.
Primeiramente é preciso entender que o paisagismo teve sua origem na jardinagem.
Curiosamente a jardinagem, a principio, surgiu da necessidade de cultivar alimentos.
Eventualmente foi evoluindo até chegar ao conceito atualmente utilizado e em toda sua história houve um elemento importante – a água.
Portanto estudar a água no paisagismo é primordial para um bom desenvolvimento do projeto.
Água é vida!
Primordialmente toda civilização conhecida se desenvolveu no entorno ou na borda de grandes fornecedores perenes de água – os grandes rios.
Ao estudarmos a Mesopotâmia estudamos os rios Tigre e Eufrates no meio do qual essa civilização floresceu.
Aliás, alguns estudiosos situam o Jardim do Eden bíblico em algum lugar nessa região.
Você consegue falar do Egito sem lembrar no rio Nilo, verdadeiramente?
Lembra de Roma e ignora o rio Tibre?
Também fala da França sem ou rio Sena.
Brasil e suas principais cidades fundadas no início da colonização à beira do mar e da foz de importantes rios e no caso de São Paulo as Bandeiras fundando povoados ao longo dos rios Pinheiros e Tietê.
Ao frisar esses elementos históricos quero criar aqui a principal razão pela qual elementos com água são pontos de atração e convergência em qualquer paisagem – o instinto.
Nos seres humanos, abaixo de todo o verniz civilizatório, somos animais programados para buscar pela água, habitar próximo a água – uma questão de sobrevivência.
A necessidade de busca pela água está gravada em nosso DNA e é por isso que instintivamente nos aproximados de fontes, lagos, riachos, espelhos d´água e mais, ao estarmos próximos procuramos por sinais de vida na água – peixes, anfíbios ou qualquer outro movimento.
Essa busca instintiva por vida na água tinha duas finalidades – alimento e a certificação de que a água era potável.
Interessante, não é? Se nunca perceberam isso tentem chegar em um local com uma fonte, lago ou similar e ignorem…tenho certeza de que será uma tarefa muito difícil.
A água nos tranquiliza.
A sensação de tranquilidade que os espelhos d´água e lagos proporcionam esta diretamente relacionada aos impulsos eletromagnéticos que nosso cérebro emite e recebe.
Hans Berger – psiquiatra austríaco, em 1929, realizou uma experiência colocando eletrodos na cabeça de seus pacientes e descobriu que o cérebro emito ondas elétricas – os impulsos eletromagnéticos.
Com base na continuidade dessas pesquisas vários estados e sensações foram catalogadas com base nos ciclos desses impulsos.
A sensação de tranquilidade aparece com estamos no chamado estado ALFA, onde a frequência do cérebro oscila entre 8 e 12 ciclos por segundo (Hz).
Quando o ser humano está em Alfa está relaxado, concentrado, imaginando ou criando mentalmente.
As linhas horizontais trazem uma sensação de estabilidade e calma para a maioria das pessoas e esse efeito é amplamente conhecido e utilizado por designers e organizações que querem apelar para o lado feminino, trazendo uma sensação de solidez e calma para seus logotipos e produtos.
As lâminas de água sem movimento, em espelho d´água e lagos por exemplo, é sempre rigorosamente horizontal, dessa forma facilitam o relaxamento e o ajuste do cérebro ao estado Alfa.
Por outro lado, as cascatas evocam as linhas verticais que comunicam força, poder e masculinidade.
Dessa forma se tornam um ponto de convergência trazendo ao observador os sons e a sensação de força sendo um estímulo aos sentidos, deixando as pessoas mais ativas, representando o oposto das linhas horizontais tranquilas dos espelhos d´água.
No entanto existe um paradoxo nas cascatas – ao mesmo tempo que estimulam os sentidos ionizam, com a queda da água, o ar em seu entorno e dependendo do seu tamanho criará uma atmosfera de relaxamento já que carrega o ar com íons negativos que agem de forma benéfica em nosso organismo.
Gostou dessa primeira parte? Fique atento em breve novas publicações.
Adriano Hummel